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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Getulio Vargas e O Testamento de Kadhafi

Um comentário do Tibiriça sobre o post O testamento de Gadhafi
me chamou a atenção e reproduzo aqui.




Tibiriça disse... Burgos e Maria.
Tomo aqui a liberdade para reproduzir a carta testamento de Getúlio Vargas na qual podemos ver a semelhança do teor das duas, acrescentar mais comentários para explicá-las é desnecessário.



A Carta Testamento

Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se novamente e se desencadeiam sobre mim.
Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao Governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário-mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente.
Assumi o Governo dentro da aspiral inflacionária que destruía os valores de trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Na declaração de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia a ponto de sermos obrigados a ceder. Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater a vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto, O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.


Getúlio Vargas.

2 comentários:

maria disse...

Olá Burgos e Tibiriça: realmente, tens toda a razão, Tibiriça.
Quando postei sobre kadafi e Libia, uma das primeiras vezes em Informação Incorrecta, já dizia que kadafi fora tão "ditador" quanto Getulio Vargas no Brasil. E agora tu fazes lembrar algo que mostra mais uma semelhança entre os dois. Entre nós, no Brasil, a lembrança de Getulio,"pai dos pobres", foi duradoura e inspiradora. Tomara que o seja também para a resistência Libia e também para a africana como um todo. Fora do Brasil, a morte de Evita Peron (Argentina) provocou comoção nacional. Mas houve quem escrevesse nos muros de Buenos Aires:"bendito Câncer!". Vês as reações truculentas ao câncer de Lula? As oligarquias não perdoam dirigentes que as traiam em nome de quaisquer melhorias aos pobres. Abraços.

BURGOS disse...

Maria

Quando eu ví o comentário do Tibiriça constatei uma coisa que sempre foi óbvia, desde aquela época as coisas continuam na mesma.
Quando alguém faz alguma coisa pelo povo e para o povo, vem eles e acabam com a felicidade.

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